• Sobre o CEMO
    • Quem Somos
    • Parceiros
  • Pesquisadores
    • Permanentes
    • Associados
  • Na Imprensa
    • Entrevistas
    • CEMO na Imprensa
    • Comunicados
  • Contactos

  • Home
  • Destaque
  • Economia e Desenvolvimento
  • Governação e Democracia
  • Relações Internacionais
  • English English
  • Portugues

Home » Relações Internacionais » As Relações entre a Tanzania e Moçambique: Da Diplomacia da Libertação à Diplomacia Económica

As Relações entre a Tanzania e Moçambique: Da Diplomacia da Libertação à Diplomacia Económica

Posted by: Administrador    Tags:  CEMO, Manuel de Araujo, Pastor Ngaiza, Relacoes internacionais de Mocambique, SADC, Tanzania e Mocambique    Posted date:  August 18, 2011  |  Nenhum Comentrio

Em mais um “Café Diplomático”, o Alto Comissário da República Unida da Tanzânia em Moçambique, Sua Excia Pastor Ngaiza, proferiu uma palestra sobre “Os Desafios e Perspectivas das Relações entre a Tanzânia e Moçambique“.

 

As Relações entre a Tanzania e Moçambique: Da Diplomacia da Libertação à Diplomacia Económica

 

Data: 21 de Junho de 2011

Para discutir sobre as relações diplomáticas entre a Tanzania e Moçambique, devemos antes entender o conceito de “relações diplomáticas”. Relações diplomáticas significam a interacção entre dois ou mais Estados soberanos, com vista a manter a paz, segurança e promoção da amizade entre as nações.
Para a promoção das nobres relações em curso, a Tanzânia e Moçambique, como vizinhos naturais têm co-existido diplomaticamente desde o passado. Ao contrário de muitos outros países, Tanzânia e Moçambique são vizinhos e precisam manter a boa vizinhança.

Neste momento, vamos primeiro olhar para a gênese das relações diplomáticas oficiais entre a Tanzania e Moçambique. Essas relações começaram nos primórdios de 1960, quando a luta de libertação em Moçambique trouxe os Combatentes da Liberdade de Moçambique para a Tanzania. A Tanzania acomodou os guerrilheiros da libertação como irmãos. O evento mais significativo a este respeito foi o nascimento ou a formação da Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO), em 25 de junho de 1962, em Dar es Salaam, capital da Tanzânia (Anatoglo Salão Mnazi Mmoja). Em 25 de Junho de 2011, a FRELIMO celebrará o seu 49º aniversário que coincide com o 36 º aniversário da Independência de Moçambique.

Como todos devem saber da história, a FRELIMO foi formada através de uma fusão de três organizações nacionalistas ou grupos políticos anti-coloniais a saber: (a) União Nacional Africana de Moçambique (MANU), (b) União Democrática Nacional de Moçambique (UDENAMO), e (c) União Nacional Africana para Moçambique Independente (UNAMI). Após a eleição de Eduardo Mondlane como líder, a FRELIMO estabeleceu a sua sede em Dar es Salaam em 1963. A se juntar a isso, o Governo da Tanzania, através do seu Partido Político, a União Nacional Africana da Tanganyika (TANU), que mais tarde (em 1977) foi transformado em “Chama Cha Mapinduzi” (CCM) esteve sempre ao lado da FRELIMO.

Além disso, quando Tanganyica e Zanzibar, sob a liderança do presidente Julius Kambarage Nyerere e Abeidi Amani Karume fundiram-se em Abril de 1964 e formaram a “Tanzania”. Os dois partidos políticos (TANU e AFROSHIRAZI), agora unidos, mantiveram o apoio à FRELIMO até que Moçambique alcançou a independência, em 25 de Junho de 1975. Outra figura de destque neste processo foi o falecido Mfaume Rashid Kawawa (O leão da guerra), ex-Primeiro Ministro da Tanzania.

Neste momento, em relação ao nosso tema de reflexão desta tarde, podemos dizer que as relações diplomáticas entre a Tanzania e Moçambique cresceram desde o período de cooperação até o período da libertação política de Moçambique.
A Tanzania, sob a liderança política do falecido Julius Nyerere, naquela época tinha como princípio que “sem a libertação da África, a independência da Tanzania não tem nenhum significado”. Assim, a agenda principal nesse período era a liberdade da África, e particularmente da África Austral. Neste contexto, a independência de Moçambique tornou-se na agenda principal da Tanzania.

Após a luta de libertação, Moçambique se tornou independente em 25 de Junho de 1975. A Tanzania foi o primeiro país a estabelecer relações diplomáticas com Moçambique. Foi a embaixada número 1 a ser acreditada em Moçambique. Neste contexto, o escritório da embaixada em Maputo foi oficialmente inaugurado pelo primeiro presidente de Moçambique, o falecido Samora Moisés Machel, dois dias depois da proclamação da Independência, em 27 de Junho de 1975. Moçambique estará comemorando o 36º aniversário da sua independência, mas também estará comemorando o aniversário de 36 anos das relações diplomáticas com a Tanzania.

Após a independência de Moçambique, a amizade e solidariedade entre os dois países continuaram a crescer e dia após dia se cimentando.
Permitam-me mencionar que após a independência de Moçambique, os dois países estabeleceram um Instituto Conjunto para treinar seus diplomatas. Este Instituto, conhecido como “Tanzania Mozambique Centre for Foreign Relations” localizado em Kurasini, Dar es Salaam, na Tanzania, foi criado a 13 de Janeiro de 1978. O Centro foi criado com o objectivo principal de formação dos cidadãos dos dois países nos campos referentes a relações internacionais e diplomacia. A criação do Centro tornou-se numa das aspirações fundamentais da FRELIMO e do Chama Cha Mapinduzi para cooperação mútua em diversas áreas. O Centro ainda está operacional e tem relações de cooeração com o Instituto de Relações Internacionais de Moçambique.

Eu mesmo fui graduado por aquele Centro, entre 1979/80.

Durante a guerra civil, entre 1977 e 1992, os Tanzanianos e Moçambicanos os dois povos continuaram a enfrentar o inimigo comum. As Forças de Defesa da Tanzania combateram ao lado dos militares da FRELIMO, e alguns perderam a vida no solo Moçambicano por causa da causa nobre da defesa da independência, paz, prosperidade, segurança e tranquilidade em Moçambique. Que as almas destes descansem em paz eterna! Este facto tem cimentado ainda mais a solidariedade e amizade, como nossos antepassados ?clamavam: “um amigo na necessidade é amigo de verdade”. O povo da Tanzania e Moçambique foram e continuam a ser irmãos de sangue através da cooperação nas lutas pela libertação, da paz e segurança.

“Povo Moçambicano e Tanzaniano, um mesmo sangue!”

Depois da guerra civil e da assinatura do “Acordo de Paz” em 1992, o foco das relações diplomáticas entre Tanzania e Moçambique foi sobre as relações económicas. Trata-se de uma nova luta, pela libertação económica e contra a pobreza. Foi nesse âmbito que assistimos à construção e inauguração da Ponte da Unidade sobre o rio Rovuma, nas províncias de Cabo Delgado e Mtwara. Este foi um projecto compartilhado entre os dois países. Também é importante notar que esse projecto era um sonho dos fundadores das nossas nações, os falecidos presidentes Julius Nyerere e Samora Machel. A realização desse sonho, a 12 de Maio de 2010, quando a Ponte da Unidade foi inaugurada oficialmente pelos presidentes de Moçambique e Tanzania, foi um grande acontecimento histórico de realizações dos sonhos de nossos dois pais de nações. É uma das histórias de sucesso nas nossas relações diplomáticas e económicas.

A utilização da Ponte da Unidade abriu novas oportunidades nas interacções bilaterais entre os povos dos dois países através do aumento do tráfego, comércio, investimento, turismo e contactos entre as pessoas.
Outra dimensão de oportunidades que a ponte oferece é a ligação transcontinental, ou seja, a ligação rodoviáia entre o Cabo (África do Sul) ao Cairo (Egipto). Pessoas que transitam nas nossas estradas e pontes vão usar e pagar pelos nossos serviços.

Dos recentes acontecimentos, temos assistido empresas Tanzanianas a investirem em Moçambique, nomeadamente:
• A Mohamed Enterprise a investir na indústria têxtil – A nova TEXMOQUE, em Nampula;
• A Quality Group em Nacala, a investir no fabrico de colchões (Magodoro ya Dodoma – Colchões Dodoma);
• A Bahlesa a investir nas instalações de armazenamento de grãos (silos), em Nacala Porto, província de Nampula.

Há outras tantas pequenas e médias empresas entre os Moçambicanos e Tanzanianos nas províncias do Norte de Moçambique e províncias do Sul da Tanzania.

Neste contexto, portanto, nos últimos anos tem havido aumento significativo das importações e exportações entre os dois países. A Ponte da Unidade aparece a impulsionar ainda mais esta actividade. Os dois Estados continuam a promover a cooperação nos negócios através da participação em feiras internacionais que são realizadas anualmente em Dar es Salaam e Maputo (FACIM). Os dois países são participantes regulares nestes eventos promocionais de comércio e de investimento.

Além disso, os dois países mantêm boas relações através das Comissões Permanentes Conjuntas e reuniões regulares de Boa Vizinhança entre as Províncias do Norte de Moçambique (Cabo Delgado e Niassa) e as Províncias do sul da Tanzania (Rovuma e Mtwara). Há uma série de memorandos de entendimento para a cooperação nas várias áreas e a sua implementação está em processo. As áreas incluem a Agricultura, o Turismo, a Diplomacia, a Educação, a Ciência e Tecnologia, a Defesa e Segurança, o Comércio e Alfândegas, para mencionar apenas algumas.
Neste momento também é importante notar que as relações não se limitam às fronteiras dos dois países. Elas vão além, e passam pela consertação de posições nas Organizações Regionais e Internacionais, tais como a Comunidade para o

Desenvolvimento da Africa Austral (SADC), a União Africana (UA) e a Organização das Nações Unidas (ONU). Neste contexto a Tanzania e Moçambique tem estado a trabalhar juntos na consolidação da integração regional ao nível da SADC e da África como um todo.

Na verdade Tanzania e Moçambique estiveram sempre juntos na guerra e paz. Estas etapas incluem o que Sua Excelência, Senhor Presidente Armando Guebuza apontou claramente no último Domingo (19 Junho 2011) na cidade de Tete, que “Os Moçambicanos já escalaram duas montanhas na sua memória: – A montanha que foi a luta pela conquista da Independência; e a segunda que foi a montanha da conquista a paz. Agora estamos a escalar a terceira montanha que é a luta contra a pobreza“.

No entanto, apesar dessas histórias de sucesso, há desafios que temos pela frente. Um deles é a contínua consolidação das relações já existentes, e principalmente entre as novas gerações, nascidas após a Independência.
Ao abordar esse desafio os dois países estão instituindo estratégias para engajar tal nova geração (juventude) para defender e valorizar a história da libertação e seus resultados. A este respeito, a Tanzania e Moçambique iniciaram o programa de intercâmbio de estudantes visando a promoção das relações históricas entre os dois países. Agora temos estudantes Moçambicanos a estudarem na Tanzania, e estudantes Tanzanianos a estudarem em Moçambique.

No entanto este desafio permite aos dois países a oportunidade de manter a educação dos jovens sobre suas raízes e os benefícios de manter esse laço importante vivo.

Através da diplomacia económica, os dois países promovem a luta pela libertação económica e a luta contra a pobreza dos dois países

 

Juntos ontem, hoje e amanhã

Dois povos, mesmo sangue!

“A Luta Continua”
Muito obrigado.

NB: Este evento foi organizado pelo Centro de Estudos Moçambicanos e Internacionais (CEMO) e teve lugar na sede do Sindicato Nacional de Jornalistas – SNJ, em Maputo, a 21 de Junho de 2011


    Partilhar
Sobre o Autor
Administrador



Related Posts

O Estado e a Informalidade: Maputo e a Tragédia dos Comuns
Por N. Henriques Viola* Resposta ao Professor António Francisco Na gestão dos recursos públicos, os políticos e governantes podem tomar decisões acertadas em questões de menor dimensão e baixa complexidade...


Admissão da Guiné Equatorial na CPLP – Desafios e Perpectivas
O CEMO organiza um debate público subordinado ao tema “A Admissão da Guiné Equatorial na CPLP – Desafios e Perpectivas” cujo orador será o Académico, Político e Ex-funcionário da Amnistia Internacional, o Prof....


A SADC e os Processos Eleitorais de 2012: O Caso do Zimbabwe
Como os órgãos da SADC podem contribuir para um processo mais justo? Espera-se que quatro países da SADC tenham eleições neste ano de 2012, estes países são Angola, Lesotho, Madagáscar e Zimbabwe. Dentre estes, o processo...


Deixar comentrio?





  Cancel Reply

« A crise da dívida americana
Por que os intelectuais se opõem ao capitalismo? »
  • Cafe Constitucional

  • Publicações

    CPLP3
    CEMO junta-se à campanha contra adesão da Guiné Equatorial à CPLP
    Layout 1
    Indice Internacional de Direitos de Propriedade
    Indice de Liberdade
    Indice de Liberdade Economica 2011
  • CEMO Podcasts

  • Resumo de Notícias

    • News Summary, Tuesday, 08 November 2016
      POLITICS Instability compromises social assistance in Sofala Social protection...

    • Resumo de notícias, 08 de Novembro de 2016
      POLÍTICA Instabilidade compromete assistência social em Sofala AS acções...

    • News Summary, August 2, 2012
      POLITICS The Support of the Netherlands: Luisa Diogo advocates the dialogue The...

  • RSS FeedRSS FeedAssine agora!
  •  ContatoEntre em contato
  •  TwitterSiga-nos!
  •  FacebookCurtiu?
  •  FlickrNossas Fotos
  •  YouTubeAssista-nos



 
  • Comentários Recentes

    • Henoch Jemusse on “DIREITOS HUMANOS E GÉNERO: UM OLHAR SOBRE OS DIREITOS DAS MINORIAS SEXUAIS”
    • paulo on Newssummary, December 15, 2011
  • Links Úteis

    • http://atlasnetwork.org http://atlasnetwork.org
    • Portal do Governo Portal do Governo
  • Fotos Recentes


  • Contacte-nos






 
Copyright © 2011 Todos os Direitos Reservados